O que fazer em Guimarães? Esta pequena e histórica cidade, ainda fora da rota do turismo de massa, é certamente um dos destinos mais importantes e simbólicos do país luso.
Afinal, ela é o berço da nação que hoje conhecemos como Portugal. Foi nela que o Condado de Portucale se separou do Reino de Castela, na atual Espanha, e se tornou um reino soberano com sua própria língua e identidade.
Neste artigo, você encontra o que fazer em Guimarães, além de um roteiro de 1 dia na cidade. Também elencamos dicas de onde se hospedar, onde comer e como se locomover por lá.
ONDE FICA GUIMARÃES
A cidade de Guimarães fica na região conhecida como Vale do Ave, no norte de Portugal. Está a apenas 25 km de distância de Braga e a 60 km do Porto.
Outros destinos do norte de Portugal também estão a uma curta ou média distância de Guimarães, como Adaúfe (30 km), Barcelos (40 km) e Amarante (50 km).
COMO CHEGAR E SE LOCOMOVER EM GUIMARÃES
Graças à sua proximidade com as cidades de Porto e Braga, chegar a Guimarães é fácil. O Aeroporto Francisco de Sá Carneiro (OPO), no Porto, é a porta de entrada via aérea mais próxima.
A partir dele, você pode chegar em Guimarães de carro alugado, de ônibus ou de trem. Abaixo detalhamos cada uma dessas opções:
De carro
Alugar um carro em Portugal é a alternativa ideal para quem busca mais liberdade nos deslocamentos. Sendo assim, você pode locar um já no próprio aeroporto.
Na Europa, nós indicamos a Rentalcars para locação, um site confiável e que oferecer excelentes tarifas.
A partir do Porto (55 km), a rota mais rápida até Guimarães é pela autoestrada A3 em direção a Valença/Braga, seguida da A7. O trajeto leva cerca de 40 minutos e custa de €3,30 de pedágio.
Outra opção é seguir pela N105, uma estrada nacional sem pedágios que conecta Porto a Guimarães em 1 hora. Apesar de mais longa, por ela você terá vistas mais bonitas.
De ônibus
Viajar para Guimarães de ônibus (autocarro em Portugal) é fácil e rápido. Três empresas oferecem o trajeto a partir do Porto.
A Rede Expresso e a Flixbus disponibilizam ônibus em diversos horáios diários com bilhetes entre €4 e €6, em viagens de aproximadamente 50 minutos.
Já a Ave Mobilidade é uma viação que integra o sistema de transporte público intermunicipal e liga Porto a Guimarães pela linha 9105. Ela parte do Polo Universitário do Porto e também leva cerca de 50 minutos de viagem.
De trem
O trem é a terceira opção de transporte para chegar em Guimarães. A empresa pública que opera o sistema é a CP (Comboios de Portugal).
Do Porto, você pode pegar o trem da Estação São Bento, no centro da cidade, ou ainda da Estação Campanhã. O bilhete até Guimarães custa €3,45 e a viagem geralmente leva de 1 hora a 1h20.
A estação ferroviária de Guimarães está a cerca de 15 minutos a pé do centro histórico.
QUANDO VISITAR GUIMARÃES
Guimarães tem clima ameno na maior parte do ano. A grande exceção é o inverno (de dezembro a março), quando a região norte de Portugal é chuvosa e fria.
Porém, apesar do clima, é justamente nesta estação que ocorre uma das principais festividades da cidade: as Festas Nicolinas. Comemoradas desde o século XVII em homenagem a São Nicolau de Mira, entre os dias 29 de novembro a 7 de dezembro, os estudantes de Guimarães promovem diversas atividades animadas.
Já o restante do ano é marcado, predominantemente, pelo bom tempo. As temperaturas são frescas durante a primavera e o outono.
No verão, por outro lado, o clima é quente e seco, ideal para aproveitar tanto a cidade quanto as paisagens naturais dos arredores. É nesta estação que acontece a Feira Afonsina (julho) e as Festas Gualterianas (na primeira semana de agosto).
QUANTOS DIAS FICAR EM GUIMARÃES
O centro histórico de Guimarães é compacto e pode ser facilmente explorado em 1 dia, o que é uma vantagem para quem tem pouco tempo e deseja fazer uma viagem bate e volta à cidade.
Contudo, para quem quer conhecer os principais monumentos históricos em detalhes, aconselho dedicar pelo menos 2 dias à cidade, e de 3 a 4 dias se também quiser explorar as atrações nos arredores de Guimarães.
ONDE SE HOSPEDAR EM GUIMARÃES
Guimarães oferece uma excelente variedade de hospedagens, que vão desde hostels e guest houses até pousadas e hotéis. Ou seja, há opções para diferentes orçamentos, localizadas em diversos pontos da cidade ou até mesmo nas áreas rurais circundantes.
Recomendamos que você se hospede no centro histórico e seus arredores, assim poderá percorrer todos os lugares a pé sem perder tempo com deslocamentos.
A cidade não é muito grande e é praticamente plana, tornando a caminhada muito agradável.
Veja a seguir, as nossas recomendações de onde ficar em Guimarães:
Econômico
Bom custo-benefício
Conforto
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O QUE FAZER EM GUIMARÃES
Monte Latito
O Monte Latito, também conhecido como Colina Sagrada, é um dos lugares mais simbólicos de Guimarães.
Sua ocupação remonta ao período da Alta Idade Média, a partir da construção do castelo localizado nele, chamado Castelo de Guimarães, e do posterior desenvolvimento do burgo na parte baixa do território.
Atualmente, é um parque ajardinado e peatonal que abriga importantes monumentos históricos da cidade.
Além do castelo, você verá no Monte Latito o Paço dos Duques de Bragança, as Capelas de São Miguel do Castelo e de Santa Cruz, o Campo de São Mamede, assim como simbólico monumento de D. Afonso Henriques.
Castelo de Guimarães
O Castelo de Guimarães faz parte da história da cidade e é um dos principais castelos medievais de Portugal.
Foi inicialmente erguido na segunda metade do século X, por ordens de D. Mumadona Dias, condessa de Portucale, com o objetivo de proteger o Mosteiro de Guimarães dos ataques dos Mouros e Normandos.
Embora tenha sido construído em madeira, poucos vestígios deste castelo primitivo sobreviveram até os dias atuais.
Supostamente, foi nele que nasceu Dom Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal, no início do século XII. Além disso, o local foi palco de várias batalhas, como a Batalha de São Mamede e o Cerco de Guimarães.
Ao longo dos séculos posteriores, a estrutura passou por modificações, melhorias e reformas, adquirindo a forma atual por volta do século XIII e XIV. Em 1881, foi restaurado e classificado como Monumento Nacional.
Atualmente, você pode entrar no castelo de graça. Porém, devido à obras de requalificação, apenas o piso inferior pode ser acessado.
Paço dos Duques de Bragança
O Paço dos Duques, também localizado no Monte Latito, foi construído entre 1420 e 1433 para servir de residência a D. Afonso e D. Constança, então Condes de Barcelos e, posteriormente, Duques de Bragança. Foi um importante símbolo de poder e influência deste duque, que era filho bastardo de Dom João I, rei de Portugal.
O edifício é conhecido por sua imponência e beleza arquitetônica, apresentando vários elementos do estilo borgonhês, ou seja, da região de Borgona, na França. Possui uma fachada impressionante, com torres de chaminé e janelas de vitral, sendo um exemplar único em Portugal.
Hoje, o Paço dos Duques de Bragança abriga um museu com uma rica coleção de arte. Além disso, nele você também verá mobiliário português de época, cerâmica, tapeçaria e coleção uma de armas antigas.
O ingresso custa €5 e o espaço abre diariamente, das 10h às 18h.
Capelas
A Capela de São Miguel do Castelo, uma construção românica do século XII e XIII, está localizada entre o Castelo de Guimarães e o Paço dos Duques de Bragança, no Monte Latito. Dentro do templo, encontra-se a pia batismal na qual D. Afonso Henriques foi batizado.
Já a Capela de Santa Cruz fica na parte inferior do Monte Latito, abaixo do Paço dos Duques de Bragança, e é uma construção de 1613. Em seu interior, há um painel de azulejos setecentistas.
Em ambas as capelas, a entrada é gratuita.
Igreja Nossa Senhora do Carmo
No sopé do Monte Latito está o Convento de Nossa Senhora do Carmo, em frente ao Largo Martins Sarmento e ao agradável Jardim do Carmo.
O convento, construído a partir de 1685 em estilo barroco, abriga a Igreja Nossa Senhora do Carmo, a Capela Virgem Maria Senhora Nossa, além do Lar de Santa Estefânia, instalado ali no ano de 1862.
A igreja, de acesso gratuito, abre de segunda a sábado, das 10h às 12h30 e das 14h às 17h.
Rua de Santa Maria
A rua de Santa Maria é uma das ruas mais antigas da cidade e servia para conectar o Castelo de Guimarães, no topo do Monte Latito, à parte baixa do burgo, mais especificamente ao antigo Convento de São Mamede.
Ao longo dos séculos, outros edifícios históricos importantes foram erguidos em seu traçado, como o Convento de Santa Clara (do século XVI), a Casa do Arco (século XIII), a Casa dos Peixotos (século XIII) e a Casa Gótica dos Valadares (séculos XVI a XVII).
Atualmente, a rua é uma das principais atrações de Guimarães, além de ser e a via mais característica da cidade, reunindo, além de edifícios históricos, lojas de artesanato, restaurantes e comércio em geral.
Praça de São Tiago
A Praça de São Tiago é uma praça bastante antiga da cidade, fato que pode ser comprovado em seu traçado medieval.
Segundo a lenda, o largo foi nomeado após o apóstolo São Tiago colocar uma imagem de Virgem Maria num templo pagão que ali existia, tornando-o um local de passagem para os peregrinos que iam a Santiago de Compostela.
No entorno da praça estão o Palacete Santiago, além de outros exemplares de casarios de diversas épocas, que hoje abrigam restaurantes. Muitos desses restaurantes utilizam boa parte da praça como esplanada, o que torna o local uma boa opção para a hora do almoço.
Largo da Oliveira
O Largo da Oliveira é o espaço urbano mais antigo de Guimarães. Isso fica evidente nas edificações que o compõem, como a Igreja de Nossa Senhora da Oliveira (com primeira ocupação datada do século X), o Padrão do Salado (século XIV) e os antigos Paços do Concelho (séculos XIV-XVII).
Atualmente, é um dos espaços mais visitados e concorridos da cidade, já que conta com uma grande oferta de restaurantes.
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Igreja Nossa Senhora da Oliveira
A Igreja Nossa Senhora da Oliveira é a principal edificação do Largo da Oliveira e teve origem no mosteiro criado por D. Mumadona Dias em meados do século X.
Ao longo dos séculos, passou por diversas modificações e alterações até adquirir sua forma e configuração atual, concebida a partir de 1387 com base na arquitetura gótica. Já a sua torre foi uma construção posterior, do século XVI.
No mesmo complexo também estão a Capela de São Nicolau, padroeiro dos estudantes da cidade, e o Museu de Alberto Sampaio, que abriga coleções de ourivesaria, escultura e pintura, bem como peças icônicas originais relacionadas à história de Portugal.
A igreja tem entrada gratuita, enquanto o museu cobra €3 para entrar (aberto de terça a domingo das 10h às 18h).
Largo do Toural
O Largo do Toural é, na verdade, uma praça ampla e ventilada, considerada o salão de visitas de Guimarães.
Situada do lado de fora das muralhas que delimitam o antigo burgo, as origens deste largo remontam ao século XVII, quando aqui se realizavam touradas, fato que deu nome ao local.
Posteriormente, boa parte da muralha foi demolida para a construção de casas burguesas no século XVIII, as quais se mantêm muito bem preservadas até hoje nos arredores da praça. No local também está a Igreja de São Pedro (1737), com sua única torre sineira.
O tradicional Largo do Toural ainda abriga muitos dos estabelecimentos mais antigos de Guimarães, além de hotéis sofisticados, restaurantes e cafés renomados.
Muralhas
As muralhas de Guimarães começaram a ser erguidas durante o século XIII para proteção do burgo medieval. Ao longo dos séculos, foram sendo demolidas para dar lugar a outras construções.
A Torre da Alfândega é uma parte da muralha entre o Largo do Toural e o Jardim Público da Alameda onde foi adicionado o slogan da cidade “Aqui Nasceu Portugal”.
Contudo, a parte mais longa dos antigos muros encontra-se paralela à Avenida Alberto Sampaio, entre o largo da estátua da Condessa Mumadona Dias e o Jardim do Largo República do Brasil. Neste trecho, é possível caminhar sobre a muralha, com o centro histórico de um lado e o restante da cidade do outro.
Zona de Couros
A Zona de Couros é uma região da cidade onde eram produzidos couros, ainda na Idade Média. Aliás, Guimarães foi uma referência nesse setor até meados do século XX, quando as técnicas manuais caíram em desuso.
Nesta região, ainda é possível ver as antigas fábricas de curtumes, com seus característicos tanques de tinturarias. Aproveite a visita ao bairro para também espiar a Igreja e Convento de São Francisco, que fica entre a Zona de Couros e o Jardim Público da Alameda.
Igreja Nossa Senhora da Consolação
A Igreja de Nossa Senhora da Consolação certamente é um dos cartões postais de Guimarães devido à sua localização cenográfica, no fim dos jardins do Largo da República do Brasil, com a Montanha da Penha ao fundo.
Esta igreja barroca, erguida em 1785, foi construída sobre uma capela do século XVI dedicada a Nossa Senhora da Consolação. A igreja, de entrada gratuita, abre de segunda a sábado, das 7h30 às 12h00 e das 15h às 17h.
ONDE COMER EM GUIMARÃES
As receitas tradicionais de Guimarães estão associadas à região norte de Portugal.
Primeiramente, para abrir o apetite, não deixe de provar as sopas de nabo e de feijão com couve acompanhadas da broa de milho, o pão mais comum da região.
Em seguida, arrisque pedir uma orelheira de porco, chouriço assado, as moelas de frango ou o polvo em molho verde para as entradas.
Entre os pratos principais, destacam-se o cabrito assado, o bucho recheado, o arroz de cabidela e os rojões à Minhota com papas de sarrabulho.
Por fim, de sobremesas, prove a Torta de Guimarães e o Toucinho do Céu.
Guimarães é um destino repleto de bons restaurantes. Lugares como, por exemplo, o Largo da Oliveira, a Praça de Santiago, o Largo do Toural ou a área ao redor do Jardim da Alameda são excelentes para almoçar ou jantar.
Para te ajudar, preparamos uma breve lista de bons restaurantes para comer em Guimarães, sobretudo de culinária portuguesa e local:
- Cervejaria Guimarães (€)
- Taberna Trovador (€)
- Restaurante Buxa (€€)
- Café Oriental (€€)
- Casa Amarela (€€€)
SUGESTÃO DE ROTEIRO DE 1 DIA EM GUIMARÃES
Se pretende visitar Guimarães em uma viagem bate e volta, concentre-se no centro histórico da cidade, que é compacto e pode ser tranquilamente explorado em um dia.
Comece a sua visita pela manhã nas atrações do Monte Latito. Visite o Castelo de Guimarães, o Paço dos Duques de Bragança e as capelas localizadas ali.
Em seguida, desça a colina em direção ao Largo Martins Sarmento, onde está a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Prossiga pela Rua de Santa Maria, admirando os edifícios históricos e explorando as lojas de artesanato local.
Ao final da rua, estão o Largo das Oliveiras e a Praça de São Tiago, locais ideais para uma pausa para o almoço.
Com energias renovadas, visite a Igreja Nossa Senhora da Oliveira e, se tiver tempo, o Museu de Alberto Sampaio.
Continue a sua jornada pelo centro histórico em direção ao Largo do Toural, um ótimo local para desfrutar de um café da tarde e experimentar os deliciosos doces portugueses. Não se esqueça de observar a Torre da Alfândega, situada em uma das extremidades do largo.
Em seguida, dirija-se à Zona de Couros, a poucos passos dali, onde também poderá visitar a Igreja e Convento de São Francisco.
Retorne à Alameda São Dâmaso e desfrute de um tranquilo passeio pelo arborizado Jardim da Alameda até chegar ao Largo da República do Brasil e, então, desça até a Igreja Nossa Senhora da Consolação.
Para encerrar o dia, retorne até o início da Avenida Alberto Sampaio. Caminhe ao longo deste extenso trecho da muralha de Guimarães até chegar ao largo onde está localizado o monumento da condessa Mumadona Dias.
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