A região do Douro, em Portugal, é conhecida pela produção de vinho e por suas paisagens de cartão-postal. Mas o que fazer no Douro?
Em uma agradável combinação de história com enoturismo, viajar pelo Douro significa visitar vilarejos pitorescos, quintas centenárias e entrar em contato com a natureza e com a produção do famoso vinho do Porto.
Neste artigo, reuni um guia completo da região portuguesa, com uma curadoria do que fazer no Douro, onde ficar, como se locomover e mais.
ONDE FICA A REGIÃO DO DOURO
Também chamada de Alto Douro Vinhateiro, a região do Douro fica no norte de Portugal e é classificada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Ela se estende ao longo do vale do rio Douro, rio esse que nasce na Espanha e atravessa as terras portuguesas até desaguar no Oceano Atlântico. Sua área tem cerca de 150 km de extensão e é muito conhecida pela produção de vinhos, principalmente o célebre vinho do Porto.
Além disso, é importante saber que a região se divide em três partes: a Baixo Corgo, que está mais próxima da costa e da cidade do Porto; a Cima Corgo, considerada o coração da produção vinícola e onde estão os vilarejos mais conhecidos, como Pinhão e Peso da Régua; e o Douro Superior, mais próximo da fronteira com a Espanha.
O principal ponto de partida para acessar a região do Douro é a cidade do Porto, que fica a 115 km de Peso da Régua e a 130 km de Pinhão.
A distância é maior para quem parte de Lisboa. São cerca de 380 km de estrada, passando por Coimbra, que está a 160 km da área central do vale do Douro.
QUANTOS DIAS FICAR NO DOURO?
Recomendo de 2 a 3 dias de viagem na região do Douro para conhecer as pequenas cidades de Pinhão e Peso da Régua.
Com esse tempo, você ainda terá a oportunidade de visitar algumas quintas para degustação de vinho e fazer um passeio de barco.
Mas tenha em mente que, por ser uma região extensa, o Douro oferece atividades e atrações para mais dias, principalmente para os entusiastas dos vinhos.
Dá para fazer um bate e volta do Porto?
Quem se hospeda na cidade do Porto pode, sim, fazer um bate e volta para conhecer o Douro. Neste caso, recomendo focar na parte central do vale, onde fica a vila de Pinhão e um número considerável de vinícolas.
A partir do Porto, você pode fazer o trajeto de trem (cerca de 2 horas) ou de carro (1h30).
Há também excursões de um dia, que garantem bastante comodidade. Nosso parceiro Get Your Guide conta com um bate e volta para o Douro completo, com almoço, degustação de vinho e passeio de barco inclusos.
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COMO CHEGAR E SE LOCOMOVER NO DOURO
Embora o carro costume ser a melhor opção para viajar pelo interior de Portugal, é possível chegar ao Douro de trem ou até mesmo de barco.
Explico a seguir cada uma das opções, para você escolher a que melhor se encaixa na sua viagem:
De carro
Viajar de carro é, certamente, a forma que te dará mais liberdade para conhecer a região do Douro. Afinal, o transporte público acessa um número limitado de vilas. A maioria dos pequenos vilarejos, por exemplo, é acessível somente de carro.
Além disso, de carro você poderá dirigir pelas estradas cênicas características dessa área, como a N222, que conecta Pinhão a Peso da Régua. Por outro lado, se o intuito da viagem também for provar bons vinhos, lembre-se de escolher o motorista da rodada.
Por fim, é preciso estar atento às estradas, que são bem sinuosas e estreitas em alguns trechos.
O trajeto de carro partindo do Porto pela autoestrada A4 tem aproximadamente 120 km e pode ser percorrido em cerca de 1h30. Já quem sai de Coimbra enfrentará uma viagem um pouco mais longa, de cerca de 2 horas.
De trem
Embora limite um pouco a flexibilidade da viagem, o trem é uma ótima opção para quem prefere evitar a direção.
Partindo do Porto, os trens fazem paradas em várias cidades, incluindo as famosas Peso da Régua (cerca de 2 horas de viagem) e Pinhão (2h30). O percurso segue até Pocinhos, passando por Tua e outras localidades ao longo do vale.
O bilhete até Pinhão custa €11, e os horários podem ser consultados e adquiridos antecipadamente no site da Comboios de Portugal.
Entre junho e outubro, há ainda a possibilidade de embarcar no histórico comboio do Douro, uma locomotiva a vapor do início do século XX. O trajeto, entre Régua e Tua, percorre margens do rio com paisagens deslumbrantes. O bilhete custa €54.
De barco
Outra opção encantadora para explorar a região é embarcar nos cruzeiros do Douro, disponíveis de meados de abril a dezembro.
A maioria dos barcos parte dos cais do Porto ou de Vila Nova de Gaia, com itinerários que geralmente incluem paradas em cidades como Peso da Régua e Pinhão. A maioria dos cruzeiros dura o dia inteiro, mas também existem opções de 2 ou 3 dias.
No entanto, se você dispõe de apenas um dia para conhecer a região, talvez essa não seja a alternativa mais prática, já que grande parte do tempo será dedicada ao trajeto no barco.
Ainda assim, caso esse passeio seja sua preferência, uma boa opção são os trajetos mais curtos. Um deles, por exemplo, parte do cais de Régua até Pinhão, com duração de cerca de 2 horas, ao custo de €30 por pessoa. Este mesmo trajeto com almoço incluso custa €73.
Para mais detalhes e reservas, confira as informações diretamente no site oficial.
ONDE FICAR NO DOURO
A região do Douro, com seus 150 km de extensão, é composta por diversas cidades e pequenos vilarejos, oferecendo uma rica variedade de hotéis.
Para quem pretende pernoitar apenas uma noite, as cidades de Pinhão e Peso da Régua são as mais indicadas.
Já quem planeja ficar por duas ou mais noites, pode explorar lugares como Mesão Frio, Resende, São João da Pesqueira ou Vila Nova de Foz Côa.
Peso da Régua, considerada a “capital” do vale do Douro, é a cidade mais acessível e bem estruturada da região. Com uma ampla oferta de hospedagens, restaurantes e serviços, é a base ideal para quem busca comodidade.
Sua proximidade com vinícolas e a facilidade de acesso por transporte ferroviário e aquático tornam a cidade uma escolha prática. No entanto, por ser mais urbana e movimentada, pode não agradar quem procura algo mais tranquilo.
Já Pinhão, frequentemente chamado de “coração do Douro Vinhateiro”, oferece um ambiente mais sereno e intimista. Apesar de ser uma cidade menor, abriga algumas das quintas mais renomadas da região, muitas das quais oferecem hospedagem. No entanto, há uma oferta limitada de acomodações por lá.
Se você estiver planejando uma estadia mais longa, localidades como Resende e Mesão Frio são excelentes opções. Situadas entre o Porto e Régua, essas cidades são relaxantes e autênticas, com um agradável toque de charme rural. Além disso, os hotéis são mais econômicos.
Para uma experiência ainda mais tranquila, São João da Pesqueira (22 km de Pinhão) é uma ótima escolha. Apesar da menor infraestrutura, a cidade compensa com sua autenticidade e um ritmo calmo, ideal para quem deseja explorar o Douro com tranquilidade.
Abaixo, reunimos boas sugestões de acomodação para ficar no Douro:
Econômico
Bom custo-benefício
Conforto
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O QUE FAZER NO DOURO: MELHORES ATRAÇÕES
A região do Douro é conhecida ao redor do mundo pela sua produção de vinhos, principalmente o vinho do Porto. Por isso, é um destino muito voltado para o enoturismo, que coloca as pessoas em contato com a cultura vitivinícola.
Para além dos bons vinhos, o Douro também possui atrações históricas e culturais e oferece, por exemplo, a possibilidade de fazer caminhadas em meio à natureza, passeios de barco e visitas a locais considerados patrimônio da Unesco.
Aqui, reunimos as melhores atrações para colocar na lista de o fazer no Douro, em Portugal:
Tour nas vinícolas
Ir ao Douro sem visitar uma vinícola é um sacrilégio, mesmo se você não for um apreciador da bebida. Afinal, a região respira vinho.
O Douro conta com diversas vinícolas (que em Portugal são chamadas de quintas) abertas para visitação guiada. Nelas, você aprenderá sobre a produção da bebida, além, claro, de provar bons vinhos direto da fonte.
Estes passeios costumam durar entre uma e duas horas e os preços variam de acordo com o que é oferecido, por exemplo, se há comida inclusa e quantos vinhos você poderá degustar.
Abaixo, veja as melhores vinícolas para visitar na região do Douro:
Melhores vinícolas do Douro
Dentre as mais famosas vinícolas do Douro está a Quinta da Pacheca, uma das primeiras propriedades da região a engarrafar os próprios vinhos ainda no século XVIII. É possivelmente uma das quintas mais visitadas por conta da sua proximidade com a cidade de Peso da Régua. A visita guiada com uma degustação custa €24.
A Quinta do Vallado, uma das mais antigas do Douro, também é bastante conhecida e possui fácil acesso. Suas visitas guiadas custam a partir de €30 e há também a possibilidade de organizar visitas privadas, workshops e almoços harmonizados.
Em uma localização muito especial, no encontro do rio Douro com o rio Tedo, a Quinta do Tedo possui vistas de tirar o fôlego. Especializados em vinho do Porto, há diversos tipos de experiências, desde piquenique entre as vinhas (€52) até viver a vindima com os proprietários e fazer um passeio de barco (a partir de €75).
Recomendo também a Quinta do Pôpa, que tem ambiente mais jovial e menos formal. Com diversos tipos de degustação, a mais simples inclui visita guiada e prova de 3 vinhos, sendo um deles o vinho do Porto (€30).
Já a Quinta de Santa Eufemia é menor e familiar. Nela, além das vistas maravilhosas da região, você ainda pode provar os vinhos muitas vezes diretamente com o produtor.
Com mais tempo, não deixe de ir também na Quinta de Ervamoira, na Quinta do Vale Meão, na Quinta do Crasto, na Quinta do Seixo e na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo.
Peso da Régua
A cidade de Peso da Régua, também chamada somente de Régua, é o ponto de partida ideal para explorar a região.
A cidade abriga o Museu do Douro, com exposições sobre o patrimônio da região e a produção dos seus vinhos. O ingresso custa €7.
Outra atração da cidade é o Miradouro de São Leonardo da Galafura, que oferece um dos pontos panorâmicos mais lindos da região. Além disso, Régua é o principal local de embarque dos cruzeiros que percorrem o Douro.
Lamego
A cidade de Lamego tem uma grande importância histórica e cultural. Ela abriga igrejas barrocas, assim como um castelo e uma cisterna do período em que os mouros dominavam a região.
Dentre as igrejas, a mais famosa é o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, situada no topo de uma colina e ponto de referência para vários peregrinos. A construção é marcada por uma linda escadaria de 686 degraus, que vale a subida para apreciar a decoração feita em azulejos.
Nos arredores de Lamego está situado ainda o Mosteiro de São João de Tarouca, fundado em 1115.
Pinhão
Pinhão, além de ser outro ótimo ponto de partida para explorar a região, é famosa por suas paisagens, bem como por alguns locais de interesse turístico.
Dentre eles estão o lindo cais de onde partem os barcos e a estação ferroviária, famosa pelos painéis de azulejos que ilustram cenas do cotidiano da região.
Além disso, a cidade abriga também uma emblemática ponte de ferro projetada por ninguém menos que Gustav Eiffel.
Mas a grande atração de Pinhão são mesmo as vinícolas que a circundam, sendo fácil visitar algumas até mesmo a pé. De carro, recomendamos subir no Miradouro Casal de Loivos, um dos tantos pontos panorâmicos da região que oferece uma linda vista do vale.
São João da Pesqueira
O vilarejo de São João da Pesqueira é um dos mais antigos de Portugal. Seu centro histórico é lindo e muito bem preservado, valendo a pena a visita.
Uma vez nele, não deixe de conhecer a Praça da República, a Capela da Misericórdia, a Igreja Matriz e a Torre do Relógio. Passe também pela Rua dos Gatos, a mais estreita e charmosa da cidade. Repleta de casas de xisto e vasos de flores, essa área antigamente fazia parte de um conjunto habitacional judeu.
Além do centro da vila, os arredores de São João da Pesqueira também valem a visita. Vá até o Miradouro de São Salvador do Mundo e o Miradouro Nossa Senhora de Lourdes, assim como até as aldeias de Trevões e Távora.
Finalmente, a vila celebra várias festas ao longo do ano. A mais famosa delas é a Festa de São João, quando o vilarejo é invadido por música, danças tradicionais, banquetes e procissões. Ela acontece entre os dias 22 e 24 de junho e faz parte das festas dos santos padroeiros, muito populares em Portugal.
Castelo de Ansiães
Situado no alto de uma colina, o Castelo de Ansiães teve sua construção iniciada na época romana para fins de defesa e foi usado até a reconquista cristã da região.
Além do castelo, há também uma vila murada com resquícios de casas, assim como a igreja de São Salvador, erguida por volta do século XII. A entrada é gratuita.
Museu e Parque Arqueológico do Vale do Côa
Nos arredores de Vila Nova de Foz Côa está o Museu e Parque Arqueológico do Vale do Côa, local que abriga e conserva pinturas rupestres. Nele há cerca de 1.200 rochas gravadas em diversos momentos da humanidade, a partir da pré-história.
O local foi um grande achado, já que antes de encontrá-lo acreditava-se que a arte rupestre era restrita somente às cavernas. No entanto, nesse parque elas estão ao ar livre.
O museu complementa a visita, explicando a história e tudo o que foi encontrado por lá. A visita guiada custa €16,70.
Freixo de Numão
Não muito longe de Vila Nova de Foz Côa está a aldeia histórica Freixo de Numão. O local combina ruínas arqueológicas e um charme rural único. Tudo isso sempre regado com a cultura vinícola da região, claro.
Você pode visitar as construções históricas da aldeia e explorar o Circuito Etnográfico, que parte do museu Casa Grande passando por diversos pontos de interesse que testemunham variados períodos da história, desde os romanos.
QUANDO IR PARA O DOURO?
Embora seja possível visitar a região do Douro durante todo o ano, algumas épocas oferecem experiências mais marcantes, dependendo das suas preferências e do tipo de passeio que busca.
O verão (junho a setembro) é o período mais movimentado, especialmente entre os turistas europeus em férias. Durante esses meses, você encontrará mais pessoas, preços mais altos e atrações mais disputadas.
No entanto, o final do verão traz um charme especial: a tão aguardada vindima, a colheita da uva, quando muitas quintas abrem suas portas para celebrar a tradição e oferecer experiências únicas aos turistas interessados em participar dessa festa.
No outono (outubro a dezembro), a paisagem do Douro se transforma, ganhando tons alaranjados e dourados, que tornam os cenários ainda mais pitorescos. Em anos mais quentes, é possível que algumas vinícolas ainda estejam em época de vindima em outubro.
As temperaturas são agradáveis e perfeitas para passeios ao ar livre, mas é preciso estar preparado para chuvas, especialmente em novembro, que pode ser mais úmido.
O inverno (janeiro a março), por sua vez, é ideal para quem deseja explorar o lado enogastronômico do Douro. Com clima frio, úmido e dias frequentemente cinzentos, essa estação oferece um ritmo mais tranquilo, preços mais baixos e uma experiência mais intimista, longe das multidões.
No entanto, o clima pode limitar passeios ao ar livre, tornando-o menos indicado para quem busca atividades externas.
Já a primavera (abril a junho) é um dos períodos mais agradáveis para conhecer o Douro. Com temperaturas amenas e paisagens que começam a ganhar vida, essa estação oferece o equilíbrio perfeito entre clima agradável e menor fluxo de turistas, especialmente a partir de abril.
Juntamente com o outono, é uma das melhores épocas para explorar a região com calma e aproveitar suas belezas naturais.